Uma heroína com coração de mãe.




Me motivei hoje a falar da Dra. Zilda Arns, ou melhor da falta que a Dra. Zilda Arns fará nesse mundo.
Uma alma como a dela, uma determinação e um coração de mãe enormes, uma mulher que fez da sua vida uma missão : salvar as crianças da morte precoce com tecnologias simples, porém extremamente eficazes.
Sua morte a transforma numa heroína do nosso país, uma mártir, que desapareceu tragicamente no cumprimento de sua divina missão, logo após discursar no Haiti, tentando levar, às crianças sofridas daquele país, as tecnologias que ela empregava na Pastoral da Criança e que fizeram verdadeiros milagres no Brasil e em outros países.
Vou colocar aqui no meu blog trechos deste último discurso que ela teria proferido numa Igreja no Haiti e que, quando li, achei de uma beleza e uma sensibilidade únicas.
Que Deus a tenha em seu colo Dra. Zilda, e que seu exemplo ilumine outros profissionais de saúde que, como eu, se dedicam ao serviço da Saúde Pública.

"Na realidade, todos nós estamos aqui, neste encontro, porque sentimos dentro de nós um forte chamado para difundir ao mundo a boa notícia de Jesus. A boa notícia, transformada em ações concretas, é luz e esperança na conquista da PAZ nas famílias e nas nações. A construção da Paz começa no coração das pessoas e tem seu fundamento no amor, que tem suas raízes na gestação e na primeira infância, e se transforma em fraternidade e responsabilidade social."

"O povo seguiu Jesus porque ele tinha palavras de esperança. Assim, nós somos chamados para anunciar as experiências positivas e os caminhos que levam as comunidades, as famílias e os pais a serem mais justos e fraternos."

"Como discípulos e missionários, convidados a evangelizar, sabemos que força propulsora da transformação social está na prática do maior de todos os mandamentos da Lei de Deus: o Amor, expressado na solidariedade fraterna, capaz de mover montanhas: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos" significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam."

"As crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de Paz e Esperança. Não existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem preconceitos que as crianças."
 
"Com alegria vou contar o que "eu vi e o que tenho testemunhado" há mais de 26 anos desde a fundação da Pastoral da Criança, em setembro de 1983.
Aquilo que era uma semente, que começou na cidade de Florestópolis, no Estado do Paraná, no Brasil, se converteu no Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, presente em 42 mil comunidades pobres e nas 7 mil paróquias de todas as Dioceses da Brasil.
Por força da solidariedade fraterna, uma rede de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres, 92% são mulheres, e participam permanentemente da construção de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno, a serviço da Vida e da Esperança. Cada voluntário dedica em média 24 horas ao mês a esta Missão transformadora de educar as mães e famílias pobres, compartilhar o pão da fraternidade e gerar conhecimentos para a transformação social."

"Como tornar realidade a proposta da Igreja de ajudar a reduzir a morte das crianças? Eu me senti feliz diante deste novo desafio. Era o que mais desejava: educar as mães e famílias para que soubessem cuidar melhor de seus filhos!"

"Tive a confiança de seguir a metodologia de Jesus: organizar as pessoas em pequenas comunidades; identificar líderes, Os líderes que se dispusessem a trabalhar voluntariamente nessa missão de salvar vidas, seriam capacitados, no espírito da fé e da vida, e preparados técnica e cientificamente, em ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania. Seriam acompanhados em seu trabalho para que não desanimassem. Teriam a missão de compartilhar com as famílias a solidariedade fraterna, o amor, os conhecimentos sobre os cuidados com as grávidas e as crianças, para que estas fossem saudáveis e felizes. Assim como Jesus ordenou que considerassem se todos estavam saciados, tínhamos que implantar um sistema de informações, com alguns indicadores de fácil compressão, inclusive para líderes analfabetos ou de baixa escolaridade"

"Seria a missão do "Bom Pastor", que está atento a todas as ovelhas, mas dando prioridade àquelas que mais necessitam. Os pobres e os excluídos."

"Desde a primeira experiência, a Pastoral da Criança cultivou a metodologia de Jesus, que é aplicada em grande escala. No Brasil, em mais de 40 mil comunidades, de 7 mil paróquias de todas as 272 diocese e preladias. Está se estendendo a 20 países, que são, na América Latina e no Caribe: Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Uruguai, Peru, Venezuela, Guatemala, Panamá, República Dominicana, Haiti, Honduras, Costa Rica e México; na África: Angola, Guiné-Bissau, Guiné Conakry e Moçambique; e na Ásia: Filipinas e Timor Leste."

"Motivados pela Campanha Mundial patrocinada pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1999, com o tema "Uma vida sem violência é um direito nosso", a Pastoral da Criança incorporou uma ação permanente de prevenção da violência com o lema "A Paz começa em casa"."

"Estou convencida de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, com a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à saúde e à educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações, para a preservação e restauração do meio ambiente."

Dra. Zilda Arns Neumann
Médica pediatra e especialista em Saúde Pública
Fundadora e Coordenadora da Pastoral da Criança Internacional
Coordenadora Nacional da Pastoral da Pessoa Idosa

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI116053-15227,00-LEIA+A+INTEGRA+DO+DISCURSO+DE+ZILDA+ARNS+NO+HAITI.html










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